A Associação dos Trabalhadores do Estado do Pará Lesados pelo Investvale (ATEPLI) realiza, no dia 12 de março, uma assembleia em Barcarena para atualizar mais de mil associados sobre o andamento do processo contra o Clube de Investimentos da Vale (Investvale), que envolve empregados e ex-empregados da mineradora. O caso, que já dura décadas, busca reparação por prejuízos financeiros sofridos pelos trabalhadores.
A Investvale foi criada em 1994, durante o processo de privatização da então Companhia Vale do Rio Doce, com o propósito de administrar as ações ofertadas aos funcionários ativos e inativos da empresa. No entanto, os administradores do clube são acusados de práticas que teriam prejudicado os cotistas, como omitir informações, incentivar a venda de cotas a preços reduzidos e intermediar negociações de forma irregular, gerando lucro para os gestores em detrimento dos trabalhadores.
Entenda o caso
Em 1994, cada funcionário da Vale recebeu 626 cotas no valor simbólico de R$ 1, exceto os trabalhadores da Albras e Alunorte, que receberam 313 cotas pelo mesmo valor. Entre 1995 e 1997, cerca de 35 mil cotistas se inscreveram no Investvale. Em 1997, o clube contraiu um empréstimo de R$ 180 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) para que os empregados pudessem comprar as ações. As cotas só poderiam ser negociadas na bolsa de valores a partir de julho de 2009, após a quitação da dívida.
No entanto, eles alegam que o Investvale antecipou o pagamento do empréstimo em 2003, permitindo a negociação das cotas a preços elevados sem o conhecimento dos associados. Além disso, os administradores teriam incentivado a venda das cotas no mercado interno, entre os próprios cotistas, informando valores abaixo do real e garantindo lucro para si próprios. Os diretores do clube também são acusados de alterações estatutárias ilegais, realização de assembleias fora do prazo legal e criação de benefícios indevidos, como o pagamento de jetons de R$ 2,5 mil a um diretor e a instituição de uma taxa de liquidez que garantiu R$ 40 milhões aos administradores.
Manoel Maria de Morais Paiva, presidente da Atepli no Pará, relembra que os trabalhadores do Pará receberam metade das cotas em comparação aos colegas de Minas Gerais e Espírito Santo, mesmo tendo pago o mesmo valor. “Descobrimos que, com o mesmo R$ 1, os trabalhadores de outros estados receberam o dobro de ações. Além disso, fomos induzidos a vender nossas cotas a preços baixos com falsas informações de que perderíamos tudo se não vendêssemos”.
O processo movido pela Atepli já obteve vitórias em primeira, segunda e terceira instâncias. Agora, aguarda a execução da sentença na vara do Rio de Janeiro. “Estamos confiantes na Justiça e esperamos que, em breve, os trabalhadores sejam ressarcidos pelos prejuízos sofridos”, afirma Paiva.