As mudanças climáticas, amplificadas pela ação humana, têm intensificado os desastres ambientais e climáticos ao redor do mundo, e o Brasil não é exceção. O Governo Federal identificou 1.942 municípios brasileiros suscetíveis a desastres naturais como deslizamentos de terras, alagamentos, enxurradas e inundações, representando quase 35% dos municípios do país.
Coordenado pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República, o estudo faz parte das ações do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). “O aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos de chuvas vem criando um cenário desafiador para todos os países, especialmente aqueles em desenvolvimento e de grande extensão territorial, como o Brasil”, alerta o relatório do governo federal.
Entre os municípios vulneráveis, Barcarena, com uma população de 126.650 habitantes, tem 573 moradores (0,45% da população) vivendo em áreas de risco geológico-hidrológico, sujeitas a deslizamentos, enxurradas e inundações. Para enfrentar essas vulnerabilidades, a cidade assumiu um papel de destaque na prevenção de desastres. Barcarena é o primeiro Hub de Resiliência da Amazônia, comprometendo-se a apoiar outros municípios amazônicos no Brasil e todos os países do Bioma, promovendo a redução do risco de desastres (DRR), ação climática e desenvolvimento urbano sustentável.
Educação e conscientização
Para entender melhor como Barcarena está se preparando para desafios como a elevação do nível do mar e o aumento das temperaturas, o Portal Barcarena entrevistou Cristina Vilaça, Vice-Prefeita e Coordenadora do Comitê Municipal de Resiliência, além de Coordenadora Norte da Comissão Permanente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) – Cidades Atingidas ou Sujeitas a Desastres (CASD).
Cristina destaca que a educação e a conscientização são pilares fundamentais para a resiliência climática no município:
“Estamos implementando diversas iniciativas educativas, como programas de educação ambiental nas escolas, workshops para professores e alunos, campanhas de conscientização voltadas para a sociedade civil e a criação da Patrulha Ambiental Juvenil. Também, implementamos uma subsetorização dentro da secretaria, com a criação da coordenadoria de Educação Ambiental e Pactos Globais. Estas iniciativas visam preparar a população para os desafios climáticos futuros e alinhar a agenda local com a agenda global de sustentabilidade”.
Planejamento urbano sustentável

Perguntada sobre os principais investimentos em infraestrutura para garantir a adaptação e a resiliência climática de longo prazo, Cristina Vilaça destacou:
“Estamos focados na restauração de áreas costeiras e na criação de áreas verdes urbanas, que não só embelezam a cidade, mas também ajudam a mitigar os efeitos dos desastres naturais. O município também conta com a primeira usina fotovoltaica pública do Estado do Pará, que abastece 90% das escolas municipais.
Outra iniciativa foi a substituição das lâmpadas de iluminação pública por lâmpadas de Led. Estas ações são parte do Plano Local de Ações Climáticas, um plano maior de desenvolvimento urbano que prioriza a sustentabilidade e a resiliência ambiental, através de medidas de mitigação e adaptação frente às mudanças do clima”.
Parcerias estratégicas
Sobre as as principais parcerias e colaborações que estão sendo determinantes para fortalecer a resposta regional aos desafios climáticos, a Vice-Prefeita destacou a Rede ODS Brasil:
“A prefeitura, por meio da Rede ODS Brasil, tem promovido diversas atividades em parceria com órgãos do governo federal, universidades nacionais e internacionais e organizações internacionais. Estas colaborações são essenciais para fortalecer a resposta regional aos desafios climáticos. Trabalhamos conjuntamente em projetos de pesquisa, desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e implementação de políticas públicas eficazes.”

Preparativos para a COP 30
A prefeitura já manifestou aos governos estadual e federal seu interesse e disponibilidade em sediar eventos paralelos da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), mas ainda aguarda retorno do comitê organizador.
“Com a COP 30 sendo sediada em Belém em 2025, Barcarena vê uma oportunidade única para promover sua agenda de resiliência e sustentabilidade em um palco internacional. Estamos planejando eventos paralelos, participações em painéis e a apresentação de nossos projetos de sucesso. Além disso, pretendemos estreitar laços com outras cidades e organizações globais, buscando trocar experiências e fortalecer nossas estratégias de adaptação e mitigação climática.”
As iniciativas de Barcarena, desde a educação ambiental até projetos de infraestrutura sustentável, mostram um esforço que faz a diferença no enfrentamento aos desafios globais das mudanças climáticas, deixando a cidade à frente de muitos municípios brasileiros.