Neste sábado (25), o Brasil celebra o Dia da Indústria — uma oportunidade para refletir sobre o passado, o presente e o futuro da produção industrial no país. No Pará, Barcarena representa com força essa trajetória: de polo do alumínio à construção de um novo modelo de desenvolvimento, mais sustentável e conectado com os desafios do século XXI.
Na década de 1970, a crise do petróleo impulsionou um reordenamento global da indústria. Empresas japonesas buscavam com vantagens competitivas para instalar suas plantas de alumínio primário. O território paraense, com suas jazidas de bauxita às margens do rio Trombetas, se tornou um destino atrativo. O governo brasileiro, na época, ofereceu incentivos para atrair esses investimentos, resultando na construção de um complexo industrial em Barcarena.
Hoje, Barcarena abriga a Albrás, a maior produtora de alumínio primário do Brasil, e da Alunorte, a maior refinaria de alumina do mundo fora da China. Mas o que realmente chama atenção é a forma como essas empresas estão se transformando diante das demandas da economia verde. A Hydro, principal acionista da Albras, é uma empresa líder em alumínio e energia renovável. Ela está investindo pesado em tecnologias para tornar sua cadeia de valor mais sustentável. A meta global da empresa é reduzir em 30% as emissões de CO2 até 2030 e neutralizar as emissões de carbono até 2050.
A Alunorte já conta com outras iniciativas robustas voltadas para a diminuição das emissões de carbono. A principal delas é a mudança de matriz energética da refinaria de óleo para gás natural e energia solar, além de caldeiras elétricas para geração de vapor. A empresa também está investindo em pesquisa para utilizar o caroço do açaí como combustível nas caldeiras da refinaria. Se bem-sucedida, essa iniciativa transformará um resíduo em uma fonte de energia renovável.
Com investimentos, a cidade está se tornando um exemplo de como o futuro da indústria pode ser mais sustentável na Amazônia. Com um terminal em operação e duas usinas termelétricas em fase de construção, o Complexo de Gás Natural Liquefeito abastecerá indústrias locais.
Além disso, o Distrito Industrial de Barcarena, o maior do Pará, está se expandindo para novos segmentos. A H2B Energy Transition está instalando a primeira planta de produção de SAF (Sustainable Aviation Fuel) na região Norte do Brasil, em Barcarena. A empresa firmou um acordo com o Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá e a Universidade Federal do Pará para analisar a viabilidade técnica e econômica do uso de matérias-primas da Amazônia, como óleos vegetais e resíduos de frutas, na produção do combustível verde.
Neste Dia da Indústria, Barcarena apresenta para o mundo tanto os desafios quanto as possibilidades de um novo modelo industrial na Amazônia — mais justo, sustentável e integrado à realidade de quem vive na região.
