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SECA HISTÓRICA NA AMAZÔNIA DESAFIA LOGÍSTICA DO ARCO NORTE

Transporte de grãos pelo rio Tapajós (Foto: Divulgação/Hidrovias do Brasil)
Com recorde de grãos, portos da região enfrentarão os desafios logísticos causados pela estiagem mais severa em duas décadas

Os portos que compõem o Arco Norte – Manaus e Itacoatiara, no Amazonas; Santarém, Vila do Conde, Miritituba e Santarém, no Pará; Santana, no Amapá; São Luiz, no Maranhão; Porto Velho, em Rondônia; e Salvador, na Bahia – têm mostrado sua relevância estratégica para o agronegócio ao bater recordes no escoamento de grãos e importação de fertilizantes em 2024. 

Entre janeiro e julho, a região respondeu por 49% das exportações de milho do Brasil, totalizando 4,09 milhões de toneladas, um salto expressivo em relação aos 36,9% do mesmo período no ano anterior. Já a soja, embora tenha registrado uma leve queda de 37,3% para 36,5%, manteve o volume de 27,52 milhões de toneladas.

Entretanto, essa eficiência está ameaçada por uma das secas mais severas dos últimos 20 anos, prevista para este semestre. O fenômeno La Niña tem gerado preocupações entre os operadores logísticos, principalmente em portos como o de Manaus, que já enfrentou crises anteriores decorrentes da baixa no nível dos rios Tapajós, Madeira e Negro, essenciais para a navegação de barcaças na Amazônia.

Operação Aduana Flutuante

A fim de minimizar os impactos da estiagem, a Receita Federal implementou a “Operação Aduana Flutuante”, uma iniciativa pioneira para superar as restrições logísticas impostas pela seca. Com o apoio de operadores portuários privados, a Marinha e outros órgãos, estão sendo instalados píeres flutuantes no rio Amazonas, em Itacoatiara, visando manter a continuidade das operações comerciais. A ação, que começará ainda em setembro, busca garantir a segurança e eficiência no comércio exterior, ao mesmo tempo em que previne fraudes e outros riscos associados à queda do fluxo de cargas.

Impacto na indústria da Zona Franca de Manaus

Luis Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), destacou que a seca de 2023 levou a um colapso logístico na região. Sem terminais flutuantes à época, cargas destinadas a Manaus tiveram que ser desembarcadas em Vila do Conde, o que gerou grandes atrasos. A estimativa é que cerca de 45 mil contêineres tenham deixado de ser transportados até Manaus, resultando em um aumento de 20% nos preços de alimentos básicos, como arroz e feijão, e um prejuízo de R$ 1,4 bilhão para a indústria da Zona Franca de Manaus.

Para o segundo semestre de 2024, espera-se que o cenário seja semelhante, com previsões de chuvas escassas e níveis dos rios cada vez mais baixos. A indústria da Zona Franca e operadores logísticos já se preparam para lidar com mais uma crise, que deve impactar diretamente a economia da região e encarecer produtos e insumos.

Em Vila do Conde

Em resposta direta aos desafios do ano passado, a Santos Brasil anunciou a ampliação da capacidade de atendimento no Tecon Vila do Conde, em Barcarena, para apoiar a logística do Amazonas durante o período de seca. A expansão aumentará a capacidade do terminal de contêineres em 30%, o que permitirá maior fluidez no transbordo de cargas que dependem de barcaças e enfrentam dificuldades logísticas devido às condições climáticas adversas. 

O Arco Norte continua sendo vital para o escoamento da produção agrícola do Brasil, mas os desafios impostos pelas mudanças climáticas evidenciam a necessidade de estratégias mais robustas para enfrentar as estiagens severas que afetam diretamente o fluxo de mercadorias e a economia local.

Foto: Divulgação/Hidrovias do Brasil

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