O Setembro Amarelo é um mês dedicado à conscientização sobre a prevenção do suicídio e à importância do cuidado com a saúde mental. Durante este período, diversas iniciativas visam reduzir o estigma e o preconceito que ainda cercam questões relacionadas à saúde mental, encorajando as pessoas a buscarem ajuda profissional quando necessário.

Recentemente, tive a oportunidade de participar de uma palestra organizada pela Igreja Assembleia de Deus – Congregação Vila Nova/Itupanema, em Barcarena, com o objetivo de discutir a saúde mental com um grupo de mulheres. Sob a direção de Gênesis Sousa e Rosângela Souza, essa ação reforçou a relevância de trazer à luz temas muitas vezes silenciados, mas que afetam profundamente o bem-estar de todas as pessoas.

Durante a palestra, abordei a interconexão entre corpo, mente e espírito, um conceito amplamente difundido por Georg Groddeck, considerado o pai da medicina psicossomática. Groddeck foi um dos primeiros a desafiar a divisão entre saúde física e mental, afirmando que essas dimensões do ser humano estão profundamente conectadas e que, juntas, formam a base de sustentação de nossa existência. É por isso que cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo – ambos são indissociáveis.

Essa perspectiva nos leva a compreender que a saúde mental é fundamental para uma vida equilibrada e satisfatória. Não estamos falando apenas de ausência de transtornos mentais, mas de uma qualidade de vida que permita o desenvolvimento pessoal, a capacidade de enfrentar desafios e a construção de relacionamentos saudáveis. Assim como cuidamos do corpo para prevenir doenças físicas, é crucial cuidarmos da alma – ou mente –, que é o campo onde residem nossas emoções, pensamentos e subjetividades.

É comum, no entanto, que muitas pessoas não reconheçam os sinais de que precisam de ajuda. Ideações suicidas, por exemplo, muitas vezes surgem de sentimentos como desesperança, desamparo e falta de propósito. Esses sentimentos, que podem ser consequências de transtornos de saúde mental, também são frequentemente alimentados por fatores como mágoas, ressentimentos, pressão psicológica, estresse no trabalho e até mesmo bullying. O acúmulo dessas dores pode levar ao adoecimento psíquico, obscurecendo a capacidade de viver de forma plena.

No entanto, é importante lembrar que cada pessoa sente e interpreta o mundo à sua maneira, com base em suas experiências únicas. Por isso, não cabe a nós julgar o sofrimento do outro, mas sim oferecer empatia e acolhimento. Como mencionei durante a palestra: “Cada indivíduo, em sua singularidade, vai interpretar e sentir o mundo a partir de suas vivências”. Essa compreensão deve nortear qualquer discussão sobre saúde mental.

A conscientização sobre o cuidado com a mente é essencial, não apenas durante o Setembro Amarelo, mas durante todo o ano. A busca por ajuda profissional deve ser incentivada para que aqueles que enfrentam desafios possam encontrar suporte e esperança. Afinal, a saúde mental é a chave para uma vida equilibrada, e ninguém deveria enfrentar suas lutas sozinho.

Josiane Rocha é psicóloga e desenvolve ações em prol da saúde mental e o empoderamento de mulheres e outros públicos. Graduada pela Uniabeu e pós-graduada em psicologia clínica pela Faveni, ela fundou o projeto “Roda de Conversa” em 2019, na cidade de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro.
O projeto, inicialmente voltado para mulheres, evoluiu durante a pandemia para atender adolescentes, jovens e adultos. Hoje, em Barcarena, ela realiza encontros mensais, a “Roda de Conversa”, que se propõe a desmistificar a psicoeducação, oferecendo um espaço terapêutico de acolhimento e escuta, onde os participantes compartilham experiências, superações e reflexões sobre suas vidas.

Josiane Rocha